quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Parapeito

Esqueci as horas e fui contar as estrelas
uma por uma, até passar toda a tristeza.
Ficou com um brilho no ar e uma lágrima presa.
A vida é tão frágil quando me apoio no parapeito.
Olho prá rua, cravo meus pés no chão e abro meu peito.
É quando ela entra e se aboleta, feito borboleta
bate suas asas e me espalha de cores por dentro
e vai procurando um lugar prá pousar
pelos meus cantos canteiros, meus delírios viveiros
bebe da minha água riacho doce correnteza
se alimenta da minha calma e me faz inquieta
quando nas minhas falésias sonha alto
se arrisca no salto e plana gaivota branca
menina mar, moça oceano, mulher terra
contando as estrelas na solidão da janela.

imagem: desenho de Cristina Nunes
.